ARTIGO: Considerações gerais sobre o uso da mistura de fungicidas e nutrientes no cafeeiro

Antonio Fernando de Souza - Doutor em Fitopatologia, Universidade Federal de Viçosa

A aplicação de mistura de fungicidas, inseticidas com micronutrientes é uma prática bastante utilizada no controle simultâneo de pragas, doenças e correção de deficiência nutricional do cafeeiro. Em geral, a época de controle da broca, da ferrugem e da mancha de olho pardo coincide com a época das aplicações foliares de zinco e boro no cafeeiro.

Em algumas regiões é difícil e oneroso realizar várias pulverizações no cafeeiro uma vez que esta época também coincide com o período chuvoso. O que se tem observado na prática, é que muitos cafeicultores estão adotando misturas de tanque entre fungicidas ou inseticidas com nutrientes, visando associar o tratamento fitossanitário com correção da deficiência nutricional do cafeeiro.

A principal vantagem está na possibilidade de reduzir o número de pulverizações da lavoura, pois numa única aplicação pode ser feito tanto o controle de doenças ou pragas quanto o fornecimento de nutrientes essenciais para o cafeeiro reduzindo o custo final de produção.

Em muitos casos esta mistura de produtos não compromete o tratamento fitossanitário devido a ação curativa dos fungicidas sistêmicos, protetora do cobre e nutricional dos nutrientes. Entretanto os resultados de pesquisa têm indicado redução de 7 a 10% na eficiência dos fungicidas sistêmicos (Figura1).

A compatibilidade física e química entre os produtos deve ser observada quando estes forem associados à calda de pulverização. A compatibilidade física corresponde a formação de precipitados (grânulos) na calda pode levar, por exemplo, ao entupimento dos bicos de pulverizações e à perda de eficácia dos produtos.

Em relação a compatibilidade química é importante saber que em reações alcalinas (pH acima de 7,0) nas caldas de pulverizações pode ocorrer decomposição da maioria dos inseticidas e fungicidas, comprometendo a eficácia do tratamento. Cada produto apresenta uma faixa de pH (que varia entre 5,0 e 6,5) onde a sua atividade é otimizada